sexta-feira, 27 de maio de 2011

Relatório de 27 de maio de 2011

Por Adriane Ponte Cisne e Gabriela Maria de Sousa Vieira




Traindo o horário da aula combinado anteriormente, iniciamos nossas atividades 
exatamente cinco minutos depois das seis horas. Chateado, o professor Babi revelou 
que, pela primeira vez em muitos anos trabalhando junto à UFC, ele avaliaria 
apresentações de projetos de pesquisa com uma banca julgadora na qual apenas ele 
estaria presente.
Traindo também a rotina, a leitura dos relatórios, feita sempre nos primeiros minutos de 
aula, não ocorreria desta vez por uma confusão de datas ocasionada provavelmente pelo 
caos das atualizações nos compromissos em nossas caixas de e-mails. Íria,  uma das 
vítimas deste transtorno e que deveria ter lido o relatório do dia, lamenta não ter escrito 
sobre uma das aulas mais importantes da disciplina e nos conta que havia desejado que 
a aula a ser relatada por ela fosse aquela. Mas, talvez por ironia do destino ou por uma 
singela coincidência casual para que a aula não se perdesse totalmente nos dias corridos, 
Martônio havia registrado seu próprio relatório em forma de e-mail enviado ao 
professor. Por solicitação de Babi, Martônio o leu para que recordemos o encontro 
passado, acentuando o caráter emocionante que a apresentação teve. Babi nos conta que 
aquela apresentação nem chegou a ser a mais elaborada ou a mais emocionante que ele 
já fez sobre sua tese de doutorado, mas, ainda assim, emocionou a turma, pois se tratou 
realmente da vivência da Pesquisa Qualitativa.
Prosseguindo, para nos dar uma lição, um professor justificadamente desapontado com 
a turma por não ter cumprido o horário firmado por nós mesmos reclama da falta de 2
responsabilidade afirmando que “um homem só é homem quando tem um relógio e uma 
mulher”. Babi contou que, ao ouvir tais palavras, achou inicialmente a anedota boba, 
mas ali na aula ela parecia fazer todo sentido, pois um homem que carrega nas costas a 
responsabilidade de cuidar de  alguém e que sabe ser pontual consegue honrar seus 
compromissos. Todavia, o professor entendeu que o motivo de ter havido uma 
negociação pelo horário foi por conta de outras obrigações que alguns estudantes tinham 
ainda naquela noite e pediu para que a aula se encerrasse às nove horas.
Sem mais atrasos e após a leitura dos títulos dos projetos os quais seriam apresentados 
em poucos instantes, o professor passou a palavra e o palco para as cinco equipes que se 
prepararam para preencher aquela noite com criatividade e conhecimento. Então, entre 
saltos altos, calças sociais, blusas bem engomadas e muita ansiedade, potencial e 
curiosidade, os projetos de pesquisa ganharam movimento em projeções numa parede 
antes sem graça e em palavras bem escolhidas.
Abrindo alas para as apresentações da noite, Adriane, Gabriela e Jéssica expuseram um 
projeto de pesquisa com o título Psicólogo da família: percepções acerca da atuação de 
psicólogos na Estratégia de Saúde da Família em Sobral-CE. Tal trabalho tinha como 
objetivo investigar a percepção das pessoas (inclusive a do próprio psicólogo) 
envolvidas com as práticas deste profissional nos Centros de Saúde da Família. Babi, ao 
final da apresentação, fez algumas considerações a respeito da possibilidade de 
aplicação de outras metodologias, mas elogiou o trabalho e afirmou que, no geral, as 
meninas atingiram os resultados esperados.
A segunda equipe a se apresentar na noite de sexta, composta pelas estudantes Íria, 
Thamila, Maria Júlia e Hanna, abordaram um tema ligado ao desenvolvimento infantil 
com um projeto intitulado como  Inventando infâncias: as implicações da prática de 
contação de histórias nos processos de subjetivação infantis na escola Arco-íris em 
Sobral-CE. A apresentação foi feita com muita responsabilidade:  apesar das 
recomendações típicas de todas as metodologias, as meninas foram ousadas, 
apresentando não apenas uma questão de partida, não apenas um problema. Elas 
partiram da pluralidade, o que já diz muito da postura dessas pesquisadoras, não se 
focando num problema único, meramente construído para virar projeto de uma 
disciplina, mas um problema plural, com todas as complexidades que a vida pode 3
oferecer. E, para dar conta de um problema como este, elas utilizaram a cartografia, pois 
esta é uma metodologia que se propõe à compreensão do movimento. Babi reconheceu 
tal ousadia e a erudição das estudantes, enquanto característica do cartógrafo, elogiando 
o trabalho.
Chegando à metade das atividades, uma terceira equipe, constituída por Martônio, 
Vanessa, Paulo Roberto e George, apresentou seu projeto designado como Participação 
popular em saúde comunitária: um estudo acerca da atuação de lideranças 
comunitárias na cidade de Sobral-CE. O projeto foi muito bem apresentado incitandonos a entender como se dão os processos de promoção da saúde através do líder 
comunitário e seu vínculo com o Sistema Único de Saúde.
O penúltimo grupo, formado por Marçal, Fabrício, Aélio e Flávia, tocando no assunto 
das diferenças, apresentou o trabalho denominado como As expectativas e o projeto de 
vida que pais de pessoas com Síndrome de Down tem para seus filhos em Sobral. A 
apresentação foi bem interessante versando sobre a constituição da doença e como as 
pessoas lidam com ela. Alguns aspectos foram ainda ressaltados pelo professor, que 
elogiou o modo como a equipe evoluiu no tema trabalhado e enfatizou a importância de 
ter boas idéias no ambiente acadêmico postas, não só no papel, mas em prática.
Fechando as exposições da noite, a quinta e última equipe, formada pelos nossos amigos 
Danielle, Kércio e Paulo Henrique, abordou um tema relacionado ao atendimento 
psicológico com o projeto de pesquisa Concepção dos usuários e dos psicólogos acerca 
do saber-fazer da Psicologia no Centro de Atenção Psicossocial Geral (CAPS) em 
Sobral-CE. Estimulados pela disciplina de Estágio Básico I deste semestre, assim como 
a maioria dos trabalhos, os estudantes destacaram alguns pontos interessantes, como a 
constituição do CAPS e sua dimensão histórica, além de passear pelo assunto da 
interação usuário-psicólogo na instituição referida.
Após todas as apresentações dos projetos que sobrepuseram as expectativas e após os 
comentários feitos pela comissão julgadora composta pelo professor Babi Fonteles, este 
último ressaltou a importância do  exercício da crítica, que se adequou muito bem à 
ocasião. Ele disse que às vezes parece que as pessoas não dão valor ao nosso trabalho, 
mas o crítico funciona como um treinador, o qual sabe onde existem defeitos e faz a 4
gente enxergar o que não está legal, o que está doído, e assim podemos trabalhar 
melhor. E, como bom crítico e um professor orgulhoso, Babi comenta sobre o alto nível 
dos trabalhos: “qualidade bem boa”, disse ele.
Então, traindo mais uma vez o horário preestabelecido, a aula se encerrou exatamente 
aos quarenta minutos após as nove horas da noite de uma sexta-feira bem movimentada

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