sexta-feira, 27 de maio de 2011

Relatório de 27 de maio de 2011

Por Franci Íria Servolo Saboia e Jéssica Tarcylla Beviláqua de Aguiar



Compartilhamos aulas. No des-compasso de dias tão turbulentos, sinalizando o encerramento de mais um final semestre. Apenas o quarto. A marca da passagem intempestiva do tempo potencializa reflexões introdutórias nesta aula. Se tivéssemos conseguido resistir às armadilhas do tempo, a aula teria começado às dezessete horas como estava acordado entre estudantes e professor.  O tempo escapou, mais uma vez, a maior parte da turma só estava presente no horário convencional da aula às dezoito horas. Neste primeiro dia de apresentações dos projetos de pesquisa na disciplina métodos e técnicas em pesquisa qualitativa, o professor Babi lança um comentário bastante pertinente sobre a ausência de banca avaliadora para as apresentações. O professor comenta que isso é um acontecimento inédito na sua trajetória enquanto professor nesta universidade, pois sempre conseguiu com as turmas anteriores contar com a participação de outros colegas para desenvolver os momentos de avaliação das produções apresentadas pelos estudantes.
Babi solicita a apresentação do relatório da aula anterior. As quatro mãos que delineiam este relatório deveriam ter desenvolvido este exercício sobre a aula do dia vinte e dois. Mais um momento em des-compasso. Falha de comunicação. Considerávamos que fossemos observar a aula do dia vinte e sete para relatar dia três. Pensar de forma equivocada. Os fluxos dos nossos movimentos estão com pernas longas, passagens rápidas estão se configurando e os nossos intentos, por vezes, são esquecidos. Acontecimentos inexplicáveis não exigem explicações coerentes. Precisamos, nessas situações de deriva, buscar outros possíveis para construirmos o momento necessário. Abre-se espaço para uma narrativa diferente. Martônio lê o email afetuoso que havia enviado ao professor após a experimentação da aula do dia vinte e dois de maio. Fomos contatados com palavras cheias de tantos sabores. Apresentou Martônio uma versão de sentidos sobre a aula que Babi apresentou fragmentos interessantíssimos de sua tese de doutorado.
Provocamo-nos sobre a aula que ficou sem registros formais. A aula tornar-se-á um mito, diante da falta de registros, comenta Babi. Há incertezas de como ela poderá reverberar para tantos outros, em dias e dias que sucederão. A ausência de relatório sistematizado possibilitou outros tipos de narração.
Após os comentários iniciais, começaram as apresentações dos projetos de pesquisa qualitativa. A primeira equipe, composta pelas alunas Adriane, Gabriela e Jéssica, abriu a sequência de apresentações com o projeto de pesquisa intitulado “Psicólogo da Família: percepções acerca da atuação de psicólogos na estratégia de saúde da família em Sobral-Ce”, que propunha uma pesquisa a fim de investigar, através de análise de discurso, a percepção das pessoas envolvidas com a prática do psicólogo da família sobre a função deste profissional nos Centros de Saúde da Família da cidade de Sobral.
Após a apresentação da equipe, o professor teceu alguns comentários referentes aos nomes que, quando colocados no título de um projeto, são transformados em categorias, que necessitam ser exploradas no decorrer do projeto e como, nos procedimentos metodológicos, podemos usar palavras mais formais para referir-se a coisas, às vezes, muito simples para nós.
A equipe que deu prosseguimento às apresentações era constituída por Íria, Hanna, Maria Júlia e Thamila e tinham como título de seu projeto “Inventando infâncias: implicações da prática de contação de histórias nos processos de subjetivação infantis na escola Arco-Íris em Sobral-CE”. Babi comentou que a cartografia, metodologia utilizada pela equipe, é a metodologia da sensibilidade. Desafia o pesquisador a estar em constante apreensão do objeto. Além disso, pontuou também que os cartógrafos são, em sua maioria, eruditos, embora saibam falar simples quando lhes é conveniente, pois são pessoas tomadas pelo fluxo da linguagem. Babi diz que, além da metodologia, em um projeto devem ser explicitadas as técnicas utilizadas na produção de dados, como o diário de bordo. Babi cita Walter Benjamin, que fala sobre o narrar. Diz que é preciso lê-lo para compreendermos o que significa o exercício rotineiro de apresentar os relatórios de aula.
A equipe seguinte, formada por George, Martônio, Paulo Roberto e Vanessa, apresenta o projeto “Participação Popular em Saúde Comunitária: um estudo acerca da atuação de lideranças comunitárias na cidade de Sobral-CE”, que busca entender a dinâmica da comunidade e compreender a importância do líder comunitário na promoção de saúde. Após a apresentação, Babi elogiou a sala pela capacidade de produzir e de apreender as coisas. Disse também que fazer pesquisa é fazer opções políticas e identifica uma conexão profunda entre ciência e política. Ciência dialoga com a realidade, mas não é a realidade.
Babi convida-nos a comparecer ao próximo e último encontro, quando haverá quatro projetos apresentados e avaliação da disciplina. Thamila instiga o professor a trazer o violão e ele cede ao pedido, prometendo tocar uma música na aula seguinte.
A equipe composta por Aélio, Fabrício, Flávia e Marçal apresentam o projeto de pesquisa cujo título é “A expectativa e o projeto de vida que pais de pessoas com Síndrome de Down têm para seus filhos em Sobral.” Babi comenta a evolução do tema do grupo, durante os encontros e diz que não é proibido que o pesquisador utilize a terceira pessoa durante o projeto, mas que é importante refletir porque faz isso. Diz ainda que devemos citar autores de metodologia como um recurso para conceituar o tipo de pesquisa.
Posteriormente, Danielle, Kércio e Paulo Henrique expuseram sua produção intitulada “Concepção dos usuários e dos psicólogos acerca do saber-fazer da Psicologia no Centro de Atenção Psicossocial Geral (CAPS) em Sobral-CE”. Propunham, através da pesquisa participante, investigação acerca da constituição do CAPS no contexto de Reforma Psiquiátrica e como se dá a relação entre psicólogo e usuário no CAPS como uma tentativa de melhor compreensão acerca do que está sendo praticado no âmbito de saúde-mental. Ao final da apresentação, Babi diz que é importante explicitar o que é cada uma das categorias criadas e, ainda, que em um projeto, na dúvida, é melhor ser bilíngüe, utilizando formalidade e criatividade.
Babi comenta que as pessoas que mais contribuíram para sua formação foram seus críticos e estabelece uma metáfora entre o crítico e o treinador. O tempo avança e a aula encerra com Babi reiterando sobre a boa qualidade dos trabalhos apresentados e dizendo que as críticas são úteis para fortalecê-los.

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