sexta-feira, 29 de abril de 2011

RELATÓRIO REFERENTE À AULA DO DIA 29 DE ABRIL DE 2011

Relatório referente à aula do dia 29 de abril de 2011

Por Martonio Sales da Silva e Marçal Araújo Gomes

A aula inicia com as leituras dos relatórios referentes a aula anterior.  O primeiro relatório elaborado por Kércio e o segundo por Beatriz e Mayara. Após a leitura dos mesmos, Babi inicia a gravação da aula e instiga os alunos aos comentários perguntando qual a relevância de se perder 25 minutos com o exercício dos relatores em uma disciplina de Pesquisa Qualitativa em Psicologia.  Kércio diz que aquele momento é uma forma de valorizar a produção dos alunos, já Martonio e Bia comentam sobre a importância e o valor da escrita nas ciências humanas, como já fora ensinado por Babi.

O professor relata como a aula passada fora importante, chegando a constituir o ápice de toda a disciplina, o dia da Verdade. Essa intensidade foi denotada pela presença das inúmeras vírgulas. Ele reafirma ainda a sua posição em relação à aula anterior; as ciências humanas não são uma busca da verdade sobre o homem, mas sobre as criações, como assinalara Kércio.

Há um pequeno momento de descontração com um comentário de Babi sobre a participação de Lívia na aula: estava com “um pé dentro e outro fora” da disciplina, já que observava a aula e relatá-la na semana seguinte.

Babi faz alguns comentários sobre a primazia com a qual Kércio elaborou seu trabalho, o que já fora sinalizado pelo professor ao fim da leitura do relatório, no qual são feitas apenas algumas correções gramaticais. Estas não se sobrepõem ao poético fechamento do relatório e a visão impessoal tida por Kércio ao observar os fatos daquele dia, narrando-os em terceira pessoa. Esse aspecto fora perguntado por Adriane e respondido por Babi, quando exprime a sua opinião acerca da ousadia, sensibilidade e inteligência do relator.

As outras atividades do professor o envolveram tanto, que ele chegou a se comparar com Ulisses ao retornar para casa: tanto tempo se passara, que talvez nem o seu cachorro o reconhecesse.

Num outro momento, o professor sugere que sejam feitas alterações no cronograma da disciplina e na ordem dos relatores. Ele relembra a importância da elaboração dos projetos de pesquisa e vai pedindo aos alunos que lhe digam qual o título dos seus respectivos projetos, bem como faz algumas observações. Essas observações nortearão as próximas falas acerca da distinção sobre assunto, tema, título e objeto de estudo. Majú fala sobre seu tema. Um assunto é um tanto sem definição, o tema é mais um pouco preciso, e o objeto sim é bem definido. O objeto é científico e não pode ser a realidade,  ela tenta através de modelos construir algo.  Qual o problema que a equipe quer investigar. O que é um objeto ou um problema de pesquisa científica? É de importância central aprender a criar objetos-problemas numa pesquisa, assim como um artista ao criar sua obra: “Os Irmãos Karamazov”, de Fiódor Dostoiévski e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa.
A
 atuação do psicólogo na saúde pública em Sobral foi um tema proposto pela equipe de Jéssica. O professor diz que o tema é muito generalista e não daria conta desse grande campo. Mesmo limitando-se aos CAPS, já seria muita coisa. A disciplina é para começar a termos intimidade com os trabalhos futuros. Não é a extensão mais a profundidade na pesquisa científica definirá a relevância da mesma.

A equipe do Paulo estudaria o uso de drogas ilícitas, se propondo a fazer uma discussão acerca das concepções de drogas ilícitas dos usuários do CAPS AD e da Fazenda Esperança. Babi fala sobre o título, e afirma que o trabalho científico é sempre uma discussão, evitemos, pois redundâncias.

A equipe da Lycélia tratara de algum tema sobre a feminilidade das mulheres do presídio, a violência contra a mulher, ou ainda sobre a disseminação problemas de saúde no presídio de segurança máxima de Sobral, como assinalara a integrante Lívia. Já a equipe do Everton elaboraria um projeto de pesquisa sobre a importância da APAE de Sobral para os pais de filhos autistas. Babi intervém afirmando que ‘só pesquiso algo quando não sei daquilo’ e afirma que ‘setenta por cento das monografias de Sobral são compradas’. Diz também que teremos duas classes de graduados: os interessados e os desinteressados. Cita a UVA e a criação do curso de Pedagogia em regime especial. Chama de vexaminosa os profissionais formados nesse regime e o relaciona com outras formações. Lívia contesta sobre o comportamento de julgar das pessoas na academia. O professor fala sobre a situação da UFC, da resolução a qual se propõe a duplicar o número de professores para alunos. Ele diz ainda que ter intimidade e desenvolver pesquisa é, e vai ser mais ainda o diferencial.
A equipe de Kércio se propõe a estudar as concepções do saber fazer psicológico em Sobral. A de Sophia abordará sobre as percepções do processo da reforma psiquiátrica em Sobral, do RAISM e de quem são essas concepções. Três temas foram propostos pela equipe de Aélio. Já a de Thamila falará da prática de contação de histórias na Escola Arco-Íris, perguntado qual mediação é possível na relação adulto-criança?

Babi conversa um pouco sobre o que é um projeto de pesquisa. O professor pergunta se os alunos leram o texto sobre o projeto de pesquisa, passado por ele. Fala da dedicação exigida pelo projeto, bem como sua metodologia e o interesse que será dispendido pelos seus alunos ao realizá-los. Para o professor, um projeto de pesquisa é composto por partes pré-textuais e pós-textuais. As partes pré – textuais são: capa, folha de rosto e sumário; As partes textuais são basicamente: título e subtítulo, problematização, justificativa, objetivos, procedimentos metodológico, referencial teórico preliminar e bibliografia inicial. Discute sobre essas partes. Partes pós-textuais são os anexos, e estes são opcionais. Adriane pergunta sobre as normas da ABNT referente a questionários, e ele diz que a ABNT não se pronuncia sobre isso. Ela se pronuncia sobre padrões acerca da apresentação do trabalho. Só se considera uma fonte bibliográfica aquilo que tiver sido objeto de publicação.

Babi responde à pergunta de Kércio a respeito da referencia de fotos em trabalho. “As motivações de um trabalho são colocadas onde?”, pergunta Kércio. O ideal é que sejam feitas de uma a três perguntas como pontos chave do trabalho. Como fazemos para investigar o nosso assunto? Com entrevista semi-estrutarada, se não tivermos muito a parte do assunto; como entrevista estruturada, se souber mais alguma coisa acerca do tema ou através da etnografia se já estivermos envolvidos naquela pesquisa. Fala também que não temos hipóteses num trabalho como esse. Uma hipótese é uma espécie de convencimento provisório, pois pode nos trazer uma visão distorcida da realidade na medida em que aquela se afirma sobre esta. E é só ligando o “desconfiômetro” que nos atentamos a essas armadilhas.

A Ciência não se confunde com a realidade. Nesse momento o professor ilustra sua afirmação quando compara a planta de uma casa a sua real construção. A primeira pergunta a ser feita nas Ciências Humanas é se nossos questionamentos partem de um mundo real. Ele também fala das guerras que ocorreram, de como países investem bilhões para as tecnologias desenvolvidas e tão pouco para as ciências humanas. É muito importante trazer para nossa pesquisa problemas que discorram sobre o mundo real e sua interferência na vida das pessoas. Quando um problema empírico torna-se problema científico? Quando podemos captar isso? Quando surgem perguntas, e perguntas bem-feitas que demonstrem nossa vontade de conhecer, o que é uma característica dos problemas científicos.

A ciência nos diz que é possível entender as coisas e intervir nelas. Bia fala sobre seu projeto, questionando porque o CEFAP não tem apoio financeiro. Andressa fala dos processos de subjetivação dos indivíduos. Para os nossos trabalhos é importante a percepção dos problemas trazidos, não apenas de maneira empírica, mas também de material bibliográfico, textos, que serviram como lentes. Nesse momento, Jane pede para comentar o seu trabalho acerca do problema da feminilidade. Babi diz que num projeto de pesquisa as palavras são categorias de análise. Ela ainda comenta o problema da violência contra mulher como problema relevante para a análise.

Lívia, afirma ter se interessado por aquele assunto quando soube que os índices de violência contra a mulher em Sobral são o quádruplo dos índices de Fortaleza. Babi diz que quando estamos no âmbito da pesquisa não damos conselhos, mas apresentamos dados. É mais ‘chato’ ser pesquisador, porém, é mais seguro. Isso ocorre quando elaborarmos nosso projeto com investigação. Ele fala ainda sobre outros textos que podem nos auxiliar na tarefa de elaborar projetos. Babi concluí falando sobre o argumento libidinal aplicado na pesquisa e, as vantagens e contribuições ela nos traz.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Relatório da aula do dia 27 de abril de 2011

Relatório da aula do dia 27 de abril de 2011

Aélio Almeida Jalles Monteiro
Lívia de Castro Neves

A aula começou com Babi falando sobre um e-mail que a turma havia enviado, solicitando que a aula começasse uma hora mais tarde, pois estava acontecendo uma assembléia sobre o SPA. Ele nos informou que não havia lido o e-mail, pois havia passado a semana em um local onde não havia sinal de celular, nem conexão de internet. Como não havia dado resposta, ficou implícito que a aula começaria em seu horário normal.
As atividades têm início com a reorganização do cronograma, em virtude das aulas que foram prejudicadas com os vários feriados do mês. O professor se compromete a reenviar o arquivo e então Mayara iniciou a leitura de seu relatório, que foi feito em equipe com Beatriz, falando da aula do dia primeiro de Abril. Depois foi a vez de Kércio relatar sua observação do mesmo dia.
Após a leitura, Fonteles pergunta se faz sentido gastar tanto tempo em uma aula de Métodos e Técnicas de Pesquisa Qualitativa em Psicologia lendo relatórios. Beatriz diz que julga importante, por fazer com que os alunos revivam e relembrem o que aconteceu, principalmente quando a aula ocorreu há quase um mês atrás, como foi este caso. Kércio também alega a importância dos relatórios e é seguido de Martônio, que também é a favor dos diários de bordo feitos pelos alunos.
O professor comenta que a aula de primeiro de Abril havia sido o ápice da disciplina e que o dia da mentira trouxe uma grande verdade. Prossegue falando sobre este grande problema das ciências humanas que é a verdade. Diz que a criação é o mais importante da pesquisa e que uma vez sabendo disto é possível compreender que não há diferenças entre um cientista e um artista. Babi falou ainda sobre a quantidade de vírgulas presentes no relatório de Mayara e Beatriz e comentou as marcas pessoais do relatório de Kércio, o que considerou muito importante. Pontuou ainda que a sensibilidade e a inteligência são gêmeas siamesas.
Iniciou-se então uma discussão a respeito dos projetos de pesquisa, quando cada equipe explicita qual será o tema pesquisado. A equipe de Maria Júlia é a primeira, e ela informa que todas as idéias que tiveram estão anotadas em um caderno que está com Thamila, e pede que o professor espere até que termine a assembléia para que ela possa dizer seu tema.
Andressa fala sobre o assunto que sua equipe escolheu: a deficiência visual e os alunos do CEFAP. Babi então fala da diferença entre assunto objeto e tema, cita que o objeto se trata de uma elaboração, assim como uma sinfonia ou uma música, é uma criação do pesquisador e não de uma realidade, falou também da importância do estágio básico na escolha dos temas para o projeto de pesquisa.
A equipe seguinte foi a de Jéssica, que pretende pesquisar sobre a atuação do psicólogo na saúde pública de Sobral. O professor falou que realizar esta pesquisa seria bastante complicado, pois a delimitação faz com que a pesquisa seja obrigada a dar conta de todos os locais onde se aplique psicologia na cidade de Sobral. Falou também que seria interessante se houvesse uma limitação e fosse escolhido somente um local de aplicação como, por exemplo, o CAPS. Concluiu relatando sua intenção de transformar os projetos de pesquisa elaborados pela turma em trabalhos de conclusão de curso.
Paulo Roberto prosseguiu falando sobre o tema que sua equipe havia escolhido: uma discussão acerca das concepções de usuários de drogas ilícitas do caps AD e da Fazenda Esperança. Fonteles fala da importância do título para o projeto de pesquisa.
Depois foi a Equipe de Lycélia, que tinha pensado em três temas, a feminilidade das mulheres em presídios, a violência contra mulher e a questão da saúde no presídio de segurança máxima. Babi falou da diferença entre os “mobrais” da academia e aqueles que saberão verdadeiramente o que é uma graduação. Diz que o governo tem um projeto que em 2016 haja a proporção de um professor para cada dezoito alunos (sendo que hoje é de um professor para nove alunos). Nesse intento, fala ainda da importância da afinidade com a pesquisa. De acordo com o professor, os docentes que não realizam esse trabalho, acabarão sendo obrigados a permanecer mais tempo em sala de aula e, os alunos, acabam perdendo algo importante para a sua formação.
A equipe de Kércio se propôs a falar do Saber-Fazer Psicologia, pois o psicólogo ainda é visto de forma estereotipada. Busca, assim, saber o que é “ser psicólogo” para uma pessoa que não estudou Psicologia e confrontar com o que é “ser psicólogo” para quem estudou. O professor falou do quão amplo isto pode ser e que seria interessante por um direcionamento no tema.
A equipe de Sophia pensou em falar das percepções acerca da reforma psiquiátrica e, por fim, a equipe de Marçal havia pensado em três temas, sendo o primeiro o luto da aposentadoria, o segundo a expectativa que os pais têm para seus filhos com síndrome de down e o terceiro, o trabalho infantil como uma variante da cognição da criança. Babi afirma que tomará o estágio básico como referencial dos problemas que queremos investigar.
Kércio pergunta onde se deve colocar a motivação do projeto de pesquisa e o professor fala que o projeto que iremos desenvolver terá somente seis partes textuais, sendo elas: Problematização; Justificativa; Objetivos, geral e específico; Procedimentos Metodológicos (a saber: metodologia, instrumentos de produção de dados e cronograma); Referencial Teórico Preliminar; e Bibliografia Inicial.
O professor fala da questão norteadora, que seria como transformar o problema pesquisado em interrogação para que, a partir dela, haja o desenvolvimento da pesquisa. Explica ainda as metodologias que existem para dialogar e entrevistar uma pessoa. Kércio pergunta se facilitaria formular uma hipótese. Babi responde que não há hipóteses no tipo de projeto em que estamos trabalhando e sim perguntas norteadoras, uma vez que uma hipótese seria a defesa de uma opinião e a defesa de uma resposta pré-existente. Desta forma não haveria espaços para dúvidas nem interrogações, ou seja, não haveria motivo para pesquisar.
O professor fala que um projeto de pesquisa parte da realidade, mas que não é a realidade. Deu como exemplo seu projeto nos Tremembés, que seria possível observar processos de subjetivação em qualquer lugar. Usa como exemplo um matemático que tenta decifrar um teorema ou uma pessoa que passa a vida toda tentando descobrir se Nietzsche  é o verdadeiro autor de “Minha Irmã e Eu”. Diz que para as ciências humanas isso não é interessante e fala sobre o maior investimento de países em pesquisa tecnológica que em pesquisas das áreas humanas.
Babi fala sobre trazer problemas do mundo real e transformá-los em objetos de pesquisa. Pergunta como se transforma um problema empírico em cientifico. Marçal diz que é quando esse problema afeta nossa vida. O professor diz que se transforma um problema empírico em cientifico quando há perguntas, que só existe ciência onde há pergunta e vontade de conhecer. Explica que ao citar nossos objetos estamos querendo fazer perguntas, dá dicas de como devemos fazer a justificativa, e nos avisa que vamos encontrar vários modelos de projetos, mas a que ele nos ensina foi a que ele utilizou e obteve sucesso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Relatório de 1 de Abril de 2011

Por Ana Beatriz Albuquerque Almeida e Mayara Souza da Silva


Após  a presença confirmada dos relatores, o professor Babi dá início às atividades
do dia comentando  que teremos dois momentos interessantes na aula, dois relatórios
sobre a aula passada e o seminário sobre Pesquisa-ação. Em seguida conta-nos que
demorou quarenta anos para descobrir que no dia primeiro de abril, considerado o dia da  mentira, podemos fazer algo melhor neste dia, aprendeu com uma pessoa próxima que  tornou este o dia de uma grande verdade.

O professor Fonteles  se lembra de já termos falado sobre pesquisa-ação e pesquisa
participante na aula anterior, ambas são parecidas, porém distintas, cada uma com suas  especificidades e compreendê-las desde agora é um exercício de extrema importância,  é um bom caminho para a formação  acadêmica, pois dois sinais de maturidade que o pesquisador demonstra na apresentação do seu trabalho é  a clareza do que se trata a pesquisa e dos procedimentos metodológicos usados.

Os relatórios das aulas são lidos pelas duplas responsáveis, o primeiro, de Andressa e Danielle, em seguida o relatório de Jane e Lycélia. Em seguida a sala é questionada se há comentários. Babi  explica que o comentar é um exercício de concentração em algo, pensar sobre o assunto, o exercício do comentário possui funções importantes, a primeira é estar atento aos fatos; a segunda é criar, pois comentar é o primeiro passo para pensar com suas próprias ideias,  são palavras suas sobre o texto do outro, isso me  permite uma diferenciação dos outros, não ser apenas um discípulo apaixonado pelos seus mestres, Marx, Levi Strouss, talvez Nietzsche, mas ir além, ter seus próprios pensamentos e este exercício nos remete uma autonomia, dessa forma nossa passagem não será esquecida, perdida no meio da multidão. George toma a palavra parabenizando as equipes, principalmente pela atenção aos detalhes, pois lembrou as discussões anteriores que o estimulou para as discussões seguintes. Kércio exalta a participação de duas equipes como forma de enriquecimento dos olhares. Thamila  coloca que o relatório remete ao tempo, lembrando suas leituras  sobre Cronos e Aion, não apenas o tempo cronológico, mas a intensidade dele, o tempo que se materializa. Íria pensa o relatar como um recorte, uma fotografia, algo capturado no ambiente aula e com duas equipes temos fotografias diferentes, no olhar, no compartilhar.  Andressa expõe a densidade do texto e do seminário da aula anterior, pela quantidade de comentários, o que  exigiu grande  esforço na escrita e condensação do texto. Babi comenta que a densidade da aula se reflete na densidade dos relatórios.

Ainda há uma terceira ressalva sobre o ato de comentar, o professor diz que tem coisas que chegam até nós como  um clarão, um raio e jamais  nos esqueceremos delas.
Temos a impressão de que descobrimos coisas sobre o ser humano, mas não descobrimos, nós inventamos sobre o homem, as ciências humanas são criativas, antes de Freud falar sobre o inconsciente, não sabíamos sobre o assunto, hoje  todos temos um inconsciente, criamos métodos para acessar o que antes nem existia. As classes sociais não existiam antes de Marx, cada um destes autores são criadores, artistas que elaboram imagens sobre o que é o homem, dessa forma para que tenhamos uma noção clara do fazer, do criar no mundo, precisamos estar atentos.  No terreno das ciências humanas o problema não é a verdade e sim a criação, todos os livros não passam de comentários sobre o homem.

A questão da autonomia, não como um acúmulo de idade ou bens materiais, mas como algo presente nas nossas relações, é recolocada por Babi em um pedido de aprofundamento do conceito nos relatórios lidos.

A equipe composta por Andressa, Beatriz, Mayara e  Shyrlane dão início a apresentação do seminário sobre a metodologia da pesquisa-ação. Passados trinta
minutos de apresentação o professor interrompe e convida o grupo a sintetizar o
assunto, para que ainda haja tempo para discussões posteriores.

Após o fechamento do seminário, Babi solicita que os comentários se direcionem ao conteúdo da pesquisa-ação, a partir do que foi exposto pela equipe. George cita a questão da participação dos autores e lembra de uma leitura no qual considerava os participantes como autores e não  como atores, através de uma interlocução e fica em dúvida sobre a pesquisa-ação ser um método e não uma metodologia. Shyrlane expõe
sua opinião, dizendo que tais nomenclaturas variam de acordo com a pesquisa e

Andressa complementa falando de grupos de estudos, uma união entre ambos. Para responder a indagação de George, o professor  cita Foucault, no qual pede para “rachar” as palavras, procurar outros sentidos. Na visão de Thiollent, o método possui um sentido mais amplo e a metodologia seria um instrumento, divergindo de nossa língua portuguesa, onde os significados se invertem. O professor faz uma analogia às peças de teatro, no qual o autor  possui um papel primordial e os atores são de grande importância e vê os participantes não somente como atores, mas também como autores.

Kércio enxerga as minorias que são desprovidas de poder, que entram em destaque na pesquisa-ação e o enfoque da transformação. Babi pergunta se a turma identifica algumas correntes neste tipo de pesquisa. Gabriela percebe o marxismo, no qual vai a campo para levar luz a estas pessoas, o pressuposto é romper a racionalidade de usar o outro como objeto e passar a vê-lo como sujeito, ou seja, há uma mudança de
perspectiva. Fonteles fala do ideal da leitura do texto completo, não fazendo uma leitura apressada.  Tem como enfoque  no texto o indivíduo não como objeto, mas como sujeito ativo e  o pesquisador não é o intelectual. Os objetivos não estão definidos, a pesquisa diz respeito a uma situação real que sugere uma transformação, pois as pessoas envolvidas se sensibilizam, porque toca algo referente a vidas delas. Ação e democratização estão relacionadas. Ressalva que o marxismo é um dos pilares da pesquisa-ação, é uma atitude de discernimento, há alguns pontos, não todos, que embasam a pesquisa. O professor interroga qual a categoria do marxismo  está  presente.

Gabriela  salienta que a grande base a se pensar é a noção do sujeito, através da dialética. O professor fala que é algo mais simples. A palavra ação, no sentido marxista, aparece como  práxis, uma ação que não pode ser outra senão transformadora da realidade. O sujeito produz pela práxis, é a ação do sujeito no mundo.Shyrlane pergunta a Babi se a pesquisa-ação pode ser considerada uma pesquisa normativa, este responde a dúvida conceituando a normatividade, são categorias vinculadas aos autores e épocas que estão constituídas. Se for considerar a perspectiva de cientificidade, a pesquisa-ação além da transformação e produção de conhecimento, possui um rigor, é preciso  esclarecer como chegou e como foi feita, uma revelação da receita como de fato foi procedida.

Paulo Henrique indaga como se dá a participação coletiva e o que seria o método.
O professor destaca o método como dispositivo e enquanto dispositivo o papel do seminário é o primeiro lugar onde o coletivo se apresenta e todos tem o poder de construir a pesquisa, colocam-se à disposição, diz a realidade para o coletivo, apresenta o necessário para se transformar, além de planejar o diagnóstico. Babi  faz uma alusão citando sua pesquisa,  onde apresentou uma  proposta  de um curso  para docência em uma comunidade  indígena.

Beatriz aproveita a ressalva de  Babi e diz que se perguntou se a metodologia usada por Babi na pesquisa com os índios de Almofala foi do tipo pesquisa-ação, o professor  responde que sua pesquisa teve nuances de etnografia e  pesquisa-ação, mas não especificamente, pois não houve os seminários de maneira formalizada como  deve ser na pesquisa-ação.  Criou sua própria metodologia que a batizou de “uma descrição densa de uma experimentação intensa”, um link que abrange um conjunto de categorias sobre metodologia, dialoga micropolítica, antropologia um “enrabamento”, como dizDeleuze.

Em seguida Paulo Henrique lança uma dúvida sobre a diferenciação entre pesquisa participativa e pesquisa-ação, então o professor esclarece que nem toda pesquisa participativa é pesquisa-ação ou pesquisa intervenção, a pesquisa participativa não é pesquisa-ação quando não promove o seminário. George lança uma pergunta a respeito da elaboração do problema na pesquisa, se ele também será definido de maneira coletiva ou pelo pesquisador,  complementado algumas falas expostas por integrantes da equipe do seminário, o professor esclarece que o pesquisador chega com suas ideias, monta um seminário e diz que a escuta é essencial para afinar o dispositivo, pois o sujeito que está inserido naquele meio tem um olhar mais refinado da situação, dessa forma não há uma atitude autoritária por parte do por parte do especialista, isto não é um problema de cunho político e sim epistemológico.
Marçal complementa a discussão lembrando do conceito de ação comunicativa de
Habermas, Íria acrescenta dizendo que vê a presente na questão do consenso, da
argumentação uma intersubjetividade. O professor confirma as observações afirmando a possibilidade de encontrar Habermas, fala também que com a pesquisa-ação, se tudo der certo veremos que o conhecimento é uma produção social, que ele só se deixa conhecer se houver a intervenção  numa dinâmica, pois o social é problemático, quer conhecê-lo então o transforme.

Sobre os comentários a respeito da apresentação Paulo Henrique comenta a respeito da dinâmica da apresentação, na qual a equipe mostrou-se firme, interagindo bem. Thamila também fala da dinâmica da apresentação, que não foi enfadonha, tanto que não percebeu o tempo passar e George diz que o assunto foi muito bem exposto e o ajudou a encaixar suas ideias.

Professor Fonteles esclarece que a maior parte das pesquisas não transformam a vida das pessoas, pois ainda temos a concepção de que elas descrevem o homem, herança da lógica positivista onde conhecer é descrever, ainda estamos simplesmente
produzindo os fenômenos e não os transformando. O professor da um fechamento da aula do dia mencionando o texto da aula seguinte sobre pesquisa audiovisual, qual o lugar do som, das imagens e da linguagem nas pesquisas em ciências humanas;  lembra dos próximos relatores, Kércio e Paulo Henrique, Beatriz e Mayara e diz a turma que na aula seguinte iremos falar sobre os projetos de pesquisa. Sem mais considerações encerra-se a aula do dia primeiro de abril às nove e meia, devido a ausência de intervalo.

Relatório de 1 de Abril de 2011

Por Túlio Kércio Arruda Prestes


Babi, após saudar a turma, inicia a aula fazendo referência ao dia da mesma. O 1º de abril, popularmente conhecido como o dia da mentira, pode segundo ele ser o dia da grande verdade, possibilidade que aprendeu com um grande amigo seu. Em seguida, relembra os assuntos estudados na aula anterior e antecipa o que será tema da aula referida, a saber: discussão sobre a metodologia da pesquisa-ação, as propostas de projeto de pesquisa envolvendo questionamentos como “o que pesquisar?” (apresentação do objeto), e “como proceder?” (procedimentos metodológicos).
                Posteriormente, Andressa lê o relatório da aula anterior feito em conjunto com Danielle. Terminada a leitura do trabalho da dupla, mais um relatório é lido, este feito por Lycélia e Jane. Ao fim da leitura dos relatórios, Babi sugere que comentemos os mesmos. Após um longo silêncio da turma, o professor faz algumas reflexões sobre a importância desse ato de comentar. Babi nos fala que comentar é estabelecer uma conexão com o momento vivido, comentar é se concentrar a algo, permitir-se. Sendo este um exercício que vai além de uma mera vontade de falar sobre algo.
Babi fala que há três funções no ato de comentar. A primeira estaria relacionada à possibilidade de marcar a própria passagem, à medida que através do comentário podemos deixar nossos grifos. Comentar poderia ainda ter uma segunda função: ser um exercício, um primeiro passo, para um dia chegar a criar. É esse exercício de comentar a palavra dos outros que permite a própria diferenciação, e para, além disso, ter a própria voz, o próprio pensamento. Comentar é, pois, em última instância afirmar-se vivo. O professor então pede aos estudantes que comentem inclusive o que acabou de afirmar.
George inicia falando que aprecia o relatório como um mecanismo para a retomada de discussões das aulas anteriores, e o quanto é importante para pessoas que não puderam comparecer a aula. Kércio fala que é interessante a construção de um relatório feito por duas equipes, ou seja, um relatório escrito por oito mãos, de um momento que foi construído por tantas outras. Thamila fala em materializar o tempo, esse tempo que foi vivido por nós e que agora é materializado em palavra. Íria fala que o relatório é uma espécie de fotografia que é totalmente dependente do olhar do fotógrafo em questão.
Andressa então comenta sobre sua experiência na construção do relatório, falando-nos da intensidade da aula trazida no mesmo e do esforço para condensar todas as ideias debatidas. Ressaltou ainda a dificuldade de vivenciar e descrever ao mesmo tempo, refletindo que através desse exercício percebeu uma densidade maior nos debates referidos.
Sobre essa experiência compartilhada por Andressa, Babi afirmou que a palavra falada é mais livre, enquanto que a escrita parece ser mais normativa, e sobre essa espontaneidade da fala ressalta como o mecanismo de gravar as aulas pode ser um recurso interessante. Fabrício prossegue comentando sobre os relatórios dizendo ter visto diferenças entre os mesmos. Afirma que os dois se complementam, pois enquanto um valorizou mais especificamente os debates suscitados pelos seminários, o outro valorizou a apresentação do conteúdo, e a visão do autor.
O professor discorre da nossa necessidade de dar vazão a tudo o que construímos durante a aula, em um momento que pode passar de maneira veloz, mas que nos marca profundamente. Babi diz que percebeu essa característica nos relatórios trazidos pela turma devido a quantidade de vírgulas contidas, o que demonstrava uma certa sede por escrever.
Babi então fala que nas ciências humanas nós não descobrimos nada sobre o homem, à medida que este não é uma verdade a ser desvelada. Pelo contrário, compomos, instituímos e inventamos esse homem. Para ilustrar, o professor cita o exemplo que antes de Freud falar sobre o inconsciente não fazia falta, simplesmente não se falava sobre isso, entretanto hoje já conhecemos técnicas, métodos para conhecer essa invenção genial de Freud.
A outra invenção deu-se o nome de classes sociais, e que depois de Marx se institui o homem em classes e daí advém inclusive projetos para transformar essa realidade, cria-se assim idéias que intervém no mundo. Ressalta, porém, que não há como criar sem concentração, é necessária uma atitude diferente, pois cada experiência pode servir de estímulo a criação se pudermos aproveitá-las.
Ainda comentando os fichamentos, o professor pede que os discentes aprofundem o conceito de autonomia, já que este é um conceito extremamente caro à própria vida. O professor Babi então explica que a autonomia não se trata de um recipiente em que se acumula maturidade, por exemplo. A autonomia se expressa em uma relação de forças entre indivíduos e/ou grupos. Para encerrar, Babi reforça a ideia de que a terceira dimensão do comentar é justamente inventar, e em se tratando de ciências humanas, instituir o homem, inventá-lo. Uma tese de doutorado é, dessa forma, um comentário, mas não uma verdade. Nas ciências humanas a paixão não deve voltar-se para a verdade, mas para as criações.
Com o fim dos comentários acerca dos relatórios, dá-se inicio à apresentação do seminário, o qual a equipe composta por Beatriz, Mayara, Andressa e Shyrlane ficou sendo responsável por facilitar a discussão a respeito da metodologia da Pesquisa-ação.
Logo após a exposição, George fala especificamente da palavra “ator”, presente no texto apresentado, e ressalta que em sua opinião na pesquisa-ação, os participantes não são “atores”, mas de fato “autores”. George acrescenta que não conseguiu compreender a distinção entre metodologia e método. Babi então expõe que esses termos (método e metodologia), são diferentes no francês já que neste idioma o conceito de método é mais amplo do que o de metodologia.
Seguindo a dúvida de outros alunos, quanto a termos ou a expressões utilizadas pelo autor do texto em debate, Babi, fala da importância de contextualizar os conceitos por seus múltiplos significados e, citando Foucault, acrescenta sobre a necessidade de “rachar as palavras”.
Paulo Henrique pergunta a respeito de como se dá a participação dos pesquisados em uma pesquisa intervenção. Babi responde que enquanto dispositivo o seminário é um dos lugares onde todos têm o poder de construir de forma coletiva e dialógica os rumos da ação. Comentando sobre a sua pesquisa de doutorado, o professor nos fala que de início achava que estava fazendo algo semelhante a uma etnografia ou a uma pesquisa-ação, mas depois se deu conta de que o que realmente estava fazendo era inventar uma metodologia própria, que consistia em “uma descrição densa de uma experimentação intensa”, na qual dialogava com a análise institucional, a micropolítica, a cartografia e até a antropologia, sendo que nessa última área dizia estar muito mais “pervertendo” algumas teorias.
George, referindo-se a pesquisa-ação, pergunta se a formulação do problema é construído coletivamente ou se o pesquisador é um “impulsionador” das ações. O professor então diz que o pesquisador até pode propor algo aos sujeitos da pesquisa, já que este não está isento de sugerir ações, mas que nesses espaços o fundamental é desenvolver a escuta para afinar o dispositivo seminário já que é por meio deste que é constituído o problema de maneira coletiva. Marçal aponta aproximações da pesquisa-ação com a ética do discurso proposta por Harbermas. Íria então completa comentando que também notou tais semelhanças, citando que nas duas conjectutas visa-se um exercício de intersubjetividade entre todos os envolvidos.
Concordando com os discentes, Babi comenta que na pesquisa-ação o conhecimento é uma produção social, coletiva, sendo inclusive desnecessário a divisão saber formal/informal. O social só se deixa conhecer através da intervenção, entretanto, o professor conjectura, em um tom de lamento, que apenas 90% das pesquisas que foram feitas sobre o ser humano não se dispõem a transformar a vida das pessoas, pois ao que parece esses pesquisadores conceberam que estudar o homem não é intervir de maneira conjunta, mas simplesmente descrever um fenômeno.
Ao longo de toda a aula compreendemos que nas ciências humanas só conseguimos conhecer à medida que intervimos, transformamos e obrigatoriamente inventamos, produzindo assim um conhecimento que é metafórico e que tenta capturar o que está em pleno movimento, daí porque essas imagens são sempre um tanto “borradas” e sempre contingentes. É então nesse sentido ao mesmo tempo dinâmico e inventivo da produção de conhecimento que encerro este relatório não com um ponto, mas com uma vírgula.

Relatório de 25 de março de 2011

Por Andressa e Dani
O professor inicia a aula comentando sobre o semestre que já está bastante adiantado, salientando, que quanto maior a demanda de atividades, temos a impressão de que o semestre está caminhando mais rápido. Após isso, o professor começa a ler um trecho do texto gerador do seminário do referido dia, em cima disso, Babi fala do seu trabalho como formador de Psicólogos para a academia e para a vida, motivado ainda pela citação lida pelo mesmo.
Babi refere-se à quarta turma de Psicologia como uma das mais pontuais da academia, no entanto, comenta a tradição de etiqueta no âmbito da pontualidade, aconselhando à todos que cheguem no máxima na hora marcada de seus compromissos ou ainda dez minutos antes. Seja para eventos formais ou informais, sendo esta uma questão de generosidade com o outro, salientando que, em uma instituição de educação superior é essencial à pontualidade.
Em seguida o professor pede que os relatores se apresentem; os relatores são George Luís e Sophia Rodrigues. Logo após a leitura do relatório Babi pede à turma comentários sobre “a fotografia feita de palavras” exposta pelos estudantes. O primeiro a comentar é Paulo Roberto, que diz que embora o relatório fosse longo, a leitura feita por George nos convida à uma compreensão maior daquilo que está sendo lido. Babi complementa o comentário do estudante afirmando; “fazer ciências humanas é fundamentalmente escrever, falar e pensar”, destacando a importância de se portar bem no âmbito desses três aspectos. Martônio, que havia faltado na aula anterior, diz que se sente satisfeito, destacando a gramática, a coesão do texto e a localização das ideias. O professor lembra que as falas dos colegas fazem recordar de Nieztsche, que foi um dos pensadores mais importantes do mundo da filosofia, considerando este como um artista do pensamento, sua formação em filologia, fez com que dominasse não só o alemão, mas também outras línguas, reforçando ainda que fazer ciências humanas é possuir uma relação direta com a palavra: pensada, falada e escrita. Encerrados os comentários sobre o relatório, Babi relembra a proposta de gravar as aulas, sendo esta mais uma ferramenta de ensino, e considera as aula como um momento de criação, em que nenhuma é igual a outra, umas melhores e outras nem tanto. Cita ainda Freud, relembrando as longas análises feitas pelo estudioso. George complementa que a experiência de escrever um relatório e que o mesmo “se apresenta como um desafio, um desafio passar de maneira mais clara para os colegas, aquilo que é processo de continuidade para a disciplina”.
Após o momento dos comentários, o professor recorda que alguns alunos ficaram responsáveis por pesquisar os temas relacionados ao estruturalismo e pós-estruturalismo. Thamila fala que a pesquisa a deixou com alguns questionamentos, trazendo um material para debate em sala de aula. O texto referido é do livro de Michael Peters “Pós- estruturalismo e Filosofia da diferença – Uma introdução”. Após a leitura das considerações o professor pede que mais pessoas argumentem sobre os temas.
George comenta sobre as semelhanças entre o positivismo e o pós-estruturalismo, destacando que o que foi dito é de extrema complexidade. Babi diz que o tema é denso e que devemos fazer um pacto para estuda-lo, já que compreender o estruturalismo e o pós-estruturalismo é importante para entender que tempo é esse que vivemos. O professor resume em uma frase simples que o estruturalismo vem nos fazer pensar sobre a estrutura de todas as coisas e que é o pesquisador dá sentido às mesmas, o que torna essa concepção difícil por termos vivido séculos apoiados na filosofia, metaforicamente Babi diz que devemos respirar fundo e aprendermos a ser bilíngues de pensamento para sentirmos a vertigem sem cair no abismo, e que para compreender tudo isso devemos ser pessoas corajosas, generosas e apaixonadas.
Posteriormente, o professor pede para que os presentes comentem os frutos das assembleias a respeito do Serviço de Psicologia Aplicada - SPA. Paulo Henrique e Gabriela destacam que a assembleia de sexta-feira foi um preparatório para o ato de manifestação dos estudantes de psicologia que ocorreu no dia 23 de março de 2011, sendo que a mobilização dos estudantes não encerraria as movimentações sobre os andamentos do SPA. Kércio e Paulo Henrique comentam também do ato que aconteceria no Beco do Cotovelo no sábado dia 26 de março as oito da manhã. Babi pergunta se as informações sobre a mobilização estão sendo divulgadas e propõe que se faça um mural com a agenda de informações sobre o que está acontecendo no movimento, salientando a importância dos professores, para que os mesmo possam se somar ao ato, já que os discentes são aliados dos estudantes. O mesmo ainda disponibiliza as aulas como um espaço de conversa sobre o movimento dos estudantes de Psicologia.
Passado a discussão sobre o SPA, Babi inicia os pronunciamentos de informes gerais para a turma. Começa convidando a todos que se sentirem chamados a participar da reativação do seu projeto de extensão, que outrora, estava desativado, lembrando que o candidato deverá passar por um processo de seleção simples e padrão. Pergunta aos presentes se há mais algum informe, e Adriane Cisne, lembra-se da segunda chamada da disciplina de Ética e Psicologia. Encerrados os avisos importantes, o professor, convida a turma e os seminaristas daquele dia a começarem suas atividades.
A turma recebe os seminaristas com aplausos. A equipe composta por Everton Maciel João Filipe e Vicente André apresentou o texto intitulado “Pesquisa-Intervenção e a produção de novas análises” das autoras, Marisa Rocha e Kátia Aguiar. Após a apresentação do seminário, o professor decide modificar a tradicional rotina de comentários. Decide então, pedir à turma que discutam o texto em questão, deixando os comentários de avaliação para o final da discussão.
Paulo Roberto comenta sobre a postura dos seminaristas, elogiando todos da equipe, falando de cada um em suas peculiaridades. Maria Júlia fala do quanto foi clara a exposição do seminário, destacando o fichamento bem estruturado e a participação ativa dos seminaristas. O professor relembra que o que foi feito anteriormente tratou-se de comentários de avaliação, pedindo que, nesse primeiro momento se retornasse a discussão sobre o texto gerador do seminário. Reforçando, assim, a importância da leitura do texto anterior ao momento da aula por todos da turma, e não somente, pelos seminaristas. Colocando desta maneira uma nova diretriz para a real proposta do seminário, que é, a discussão dos temas relacionados à disciplina em sala de aula.
Paulo Henrique, retomando a discussão sobre o texto, trás a tona o paradigma proposto pelas autoras, “conhecer para transformar, e transformar para conhecer”, complementado o comentário feito pelo estudante, Babi questiona se ele já percebe um “link” entre o estruturalismo e o tema proposto pelo paradigma. Destaca que na matemática é usado o símbolo “aproximadamente” o que nas ciências exatas já se torna de difícil compreensão de alguns conceitos, o “aproximadamente” em ciências humanas é ainda de maior incompreensão. George afirma que os temas utilizados no texto são instigantes, voltando-se ao fichamento para pontuar algumas considerações. Gabriela ressalta as posturas marxistas e positivistas presentes no texto, afirmando que a produção de conhecimento em psicologia é uma relação entre sujeitos. O professor completa os comentários anteriores, reforçando que os mesmos são essenciais para a compreensão do pós-estruturalismo.
Retoma o conceito de autonomia, referindo-se ao mesmo, como um dos mais difíceis conceitos de compreensão da sua produção acadêmica. Babi recorda que sempre andou junto com as abordagens humanistas, tentando “respirar” algo diferente, já que em todos os lugares do mundo se ecoa sempre as mesmas vozes. Retorna ao conceito de autonomia, como sendo um fruto da acumulação do sujeito ao longo de um processo. Afirma que, para sabermos se um grupo é autônomo ou não, é necessária à anulação das forças que o circundam, e nos voltarmos para a função em uma relação. Cita então, o exemplo de um chefe de família que abusa de sua esposa, mas, que, em seu trabalho é humilhado por suas condições de operário.  A autonomia, portanto, é tratada como uma relação. É bem dito pelo professor, que se soubermos utilizar o conceito de autonomia como uma função poderíamos mudar uma grande esfera das nossas vidas, na academia e fora dela.
O professor Fonteles prossegue afirmando que a autonomia é fruto deste conjunto de relações, sendo considerada, portanto, uma relação. O mesmo esperava que o comentário sobre autonomia causasse mais impacto. Em referencia a Foucault, diz que o poder destrói, mas, no entanto, cria, e ai é que esta a potencialidade da criação. Faz uma crítica a aqueles que não conhecem os estudos de Nietzsche, e sem o conhecer, o chamam de niilista. Babi afirma que estas pessoas não passam de papagaios possuidores de conhecimentos enciclopédicos. A autonomia esta diretamente ligada às potencialidades humanas da vida, em uma relação, sendo que a libertação é para todos ou para ninguém.
Encerradas as discussões sobre o texto, o professor retorna, ao modelo avaliativo do seminário apresentado. Marçal fala positivamente do seminário, dizendo que mesmo sem o uso de PowerPoint a equipe soube posicionar-se muito bem, fugindo dos modelos clássicos de apresentação de seminários. Thamila relembra que a discussão foi puxada pelos seminaristas e pelo texto apresentado, o que foi de grande relevância para a aula. Paulo Henrique, afirma que a aula pode fluir, pois ocorreram debates intensos e uma boa participação da turma.
Lívia acrescenta que no seminário apresentado ocorreu uma diferenciação em diversos aspectos; a participação dos seminaristas, dos estudantes e do professor. Onde ouve um desejo de criar um bom debate em torno da aula. Como complementação ao comentário de Lívia, Babi, afirma que somos estimulados a todo o instante, e que devemos sempre nos estimular tanto para o amor como para o conhecimento. Ressaltando que nos estimulamos quando nos preparamos, e, essa mesma preparação, é a essência de um bom posicionamento em sala de aula.
Kércio diz que a aula foi de extrema importância para o momento que os estudantes de psicologia vivem hoje; os intensos debates sobre os direitos dos estudantes e o fortalecimento do Movimento Estudantil. Flávia afirma que o texto é bem realista e que acha o mesmo menos complexo e de uma maior facilidade de discussão e elogia a equipe de seminaristas. Babi diz que o texto da aula de hoje, deve ser guardado para futuras consultas e possíveis duvidas sobre as discussões sobre Pesquisa Qualitativa.
Terminadas, portanto todas as pontuações, Babi Fonteles, volta-se para a explicação do modelo de projeto de pesquisa que deverá, ser feito por todos os estudantes. E que devemos atentar para os seguintes posicionamentos; a escolha do objeto de investigação, a construção deste objeto e a aplicação deste a realidade através dos recortes elementares para a saída do modelo empírico ao teórico.
Após tudo isso, e terminados os esclarecimentos, o professor agradece a presença dos estudantes e encerra pontualmente a aula às 21h30min, pois não ocorreu intervalo.